ASSUNTO
POLÊMICO COM A PROFª DE REGRESSÃO DE VIDAS PASSADAS - SILCA MALUTTA
. Em 1979, o Dr Morris Netherton (EUA) publicou “ You have Been Here
Before” (Já vivemos antes). (ed.Europa-América-Lisboa).
Ao reencarnarmos, aqui chegamos no mesmo
nível de sentimentos e de pensamentos de quando saímos da última vida terrena
e, portanto, cada um de nós, ao passar pelas situações atuais da vida
intrauterina e da infância, vai reagir ao seu modo. Isso é facilmente
observável em famílias com vários filhos, em que na casa um tem a sua maneira
de ser desde nenê: um é impetuoso, agitado e ofensivo, outro é equilibrado,
comedido e bondoso: e assim por diante.
E por que é assim? Porque tudo é uma continuação, nós somos o mesmo que
desencarnou na vida terrena passada, apenas mudamos a nossa forma física, o
nome e os demais rótulos, mas permanecemos intrinsecamente iguais. Essas
tendências inadequadas revelam, por si só, o que viemos curar, ou melhorar, ao
reencarnarmos. O que acontecerá serão reforços ou atenuações dessas
características pelas vivências atuais, intra ou extrauterinas, e no decorrer
da encarnação, ou seja, às vezes, a mera
manutenção do que já veio conosco ao nascermos é porque já nascemos com
características próprias, inerentes a cada um de nós, desenvolvidas durante as
sucessivas encarnações. Então nós observamos as crianças impetuosas e as
equilibradas, as carinhosas e as
ambiciosas e as organizadas e as
desogranizadas. Tudo é uma continuação vida após vida e aí se revela a Personalidade
Congênita.
É amplamente
reconhecido nos meios espiritualistas que nós temos contato com nossos futuros
pais antes mesmo de iniciarmos nossa materialização intrauterina, e então se
pode questionar: Por que essa pessoa, que trazia uma tão forte tendência de
sentir-se abandonada e rejeitada, necessitou passar por uma nova vivência
encarnatória semelhante? Para que esses antigos sentimentos aflorassem e ela
pudesse entrar em contato com eles, possibilitando-se trata-los desta tendência repetitiva. Encontramos aí a
proposta de mudanças de comportamento e patrões. Ela não é uma vítima de
abandono por parte de sua mãe; ela é coadjuvante ativa de todo o processo, e
mais, colaborou na criação dessa experiência, por uma necessidade de
crescimento, que implica em eliminar esses sentimentos e pensamentos
inadequados, ou seja, reencarnou para isso.
E devemos nos perguntar por que ter reencarnado filho daquela mãe?
Quem sabe a rejeitou, maltratou, abandonou, em alguma outra encarnação, e o que
está atuando então é a Lei do Retorno?.
Vemos nas sessões de regressão
que as pessoas tendem a passar por situações repetitivas, há muitas e muitas
encarnações, até conseguir diminuir bastante ou eliminar os sentimentos
negativos que nelas afloram, mas que, por trás disso, comumente existe uma ação
nossa, anterior, há séculos atrás, semelhante, contra outras pessoas. Ou seja,
o desamparado desamparou; o ofendido ofendeu; escravizado escravizou; e assim por diante. E isso não é para pagar,
nem para sofrer, como algumas pessoas acreditam, é a Justiça Divina. É para
aprendermos o que é certo e o que é errado, e geralmente só aprendemos essas
lições sofrendo na própria pele.
Precisamos entender as
desigualdades, desproporção, desmerecido, inevitável as diferenças, por
que alguém nos faz “sofrer”, as situações pelas quais passamos em nossa vida, e
deixamos de encará-las como experiências, criadas ou co-criadas por nós mesmos,
moldadas nos tecidos do nosso destino, para que, através delas, possamos nos
curar, aprender, resgatar, crescer, nos aproximarmos mais da Perfeição. O que
parece “negativo”, o que nos faz sofrer, geralmente são oportunidades de
crescimento, lições benéficas para a nossa evolução.
A exemplo citado acima, a pessoa pode tentar perdoar sua mãe, porque
isso é o certo, porque Jesus recomendou, etc.,
mas essa tarefa será facilitada se raciocinar que, provavelmente, pediu
para passar por essa situação terrena, para descobrir e tentar eliminar uma
antiga tendência de magoar-se, de sentir-se rejeitada, que traz consigo há
séculos, e/ou então para resgatar o que fez a esse Espírito que está atualmente
sendo sua mãe.
As pessoas, mesmo
reencarnacionistas, geralmente enxergam a sua infância e sua vida de uma
maneira não-reencarnacionista, e a intenção do terapeuta reencarnacionista é
ajudá-las a entender que essa maneira é como a sua persona leu e entendeu os
fatos de sua vida e pode, então, mudar para uma visão muito mais ampla. É sobre
isso que conversamos com as pessoas no consultório, ajudando-as a ver as coisas
de uma maneira completamente diferente de como viam antes. O conhecimento da
reencarnação amplia enormemente a compreensão dos fatos contrapruducente e restritivo da infância e da vida.
Nós descemos do Plano Astral para a Terra para passar por fatos que a nossa
persona entende como “sofrivel”, mas são co-criados por nós, pois são
necessários para nos purificarmos passando por eles. E nas sessões de regressão
com as pessoas retornando séculos ou milhares de anos atrás, algumas vezes, ouvimos
relatos de “vítimas” do atual pai, da mãe, do ex-marido, etc., encontrando a
pessoa má de hoje como sua vítima lá. Mas essas inversões de papéis custam a
acontecer, pois, pela Personalidade Congênita, nós demoramos muitos séculos
para mudar características inadequadas de nossa personalidade, ou seja, o
autoritário, cruel, vem sendo assim há séculos; o infeliz, sofredor, idem, e
assim por diante. No consultório observamos distorções desse tipo no seu
entendimento. Aquele desfiar de mágoas, tristezas e raivas são reais, mas a
visão como se fosse uma vítima é equivocada, pois esquecida de um propósito
maior, anterior. São ilusões vivendo de ilusões e realimentando-se patologicamente. Devemos nos perguntar: “Se reencarnei
para evoluir, o que significa é diminuir os meus patrões inadequados, por que
estou precisando passar por isso?” E mesmo que não saibamos a resposta, não
devemos nos vitimizar, nos sentirmos injustiçados, sentirmos raiva, pois não
lembramos do nosso passado. O que está acontecendo de ruim conosco é mais uma
oportunidade de eliminarmos uma tendência inferior, de sentir raiva ou mágoa, é
a Lei do Retorno, ou ambas? A vida não começa na infância; a nossa “casca” tem
algumas décadas de existência, mas nós temos algumas centenas de milhares de
anos...
Não recordamos os
nossos objetivos, metas e propostas pré-reencarnatórias porque, durante a
vigília, a nossa Consciência permanece o tempo todo no corpo físico, enquanto
que essas informações estão no corpo astral e no mental. Durante o sono do
corpo físico, a nossa Consciência sai e vai para esses corpos, mas quando
acordamos não recordamos o que aconteceu, o que vivênciamos, o que aprendemos,
ou parece sonho, ou pesadelo.... Quando nosso corpo físico morre e a nossa
Consciência assume o corpo astral, passamos a ter acesso a essas questões e aí
vêm os arrependimentos, as lamentações, as expressões “Ah, se eu tivesse me
lembrado...” ou “Ah, se eu soubesse...”. No corpo astral, as informações estão
de uma maneira emocional; no corpo mental, de um modo intelectual.
Não é fácil raciocinar de uma maneira reencarnacionista
no nosso dia-a-dia, pois implica em uma mudança muito profunda de enfoque. Trazemos conosco tendências de sentir e reagir
de certa maneira e, pelo que se observa nas regressões, é como viemos nos
comportando e sentindo há séculos; é como uma matéria que não aprendemos e
iremos precisar repetir o ano até aprender. Isso se aplica aos tristes,
aos magoados, aos infelizes, que vêm repetindo o ano há séculos, e também se
aplica aos orgulhosos, aos
materialistas, aos cruéis. Mas nessa
Escola, cada “ano letivo” é uma encarnação.
As pessoas depressivas atribuem a
sua depressão aos eventos tristes de sua vida e
preferem culpar alguém, vitimizar-se, buscar explicações e
justificativas para o fato de serem depressivas. Então, precisam mudar essa
tendência que vêm trazendo há muitas encarnações, e as pessoas ou situações que
as fizeram/fazem manifestar-se “gatilhos” não são prejudiciais para a sua evolução, pelo
contrário, estão lhes mostrando o que vieram curar em si. São potencialmente
benéficas, mas parecem prejudiciais. É importante que as pessoas que acreditam
na Reencarnação e querem realmente aproveitar essa encarnação, comecem a se
perguntar: Por que eu pedi isso?, Por que eu reagi/reajo assim? dessa maneira
começarão a entender o que vieram melhorar nessa atual encarnação. Os medrosos, o medo; os ciumentos, o ciúme; os materialistas, o
materialismo; os desconfiados, a desconfiança; e assim por diante. Para isso,
devem entender que já nasceram com essas tendências e que os fatos da sua
infância e os do decorrer da vida são
fatores que afloraram para evoluir.
Nós desencarnamos e reencarnamos do mesmo modo, com os mesmos sentimentos e
pensamentos e, portanto, com a mesma tendência a agir e reagir perante os fatos
da vida terrena. A passagem aqui pela Terra, tem a finalidade de nos mostrar
nossos patrões repetitivos e, então, tudo o que acontece ou o que “nos fazem” são elementos reveladores dessas
características que viemos curar, para nos libertarmos delas, através da
mudança de postura. Não devemos culpar ninguém que nos ajude a detectá-las;
pelo contrário, devemos agradecer, pois estão atuando a nosso favor.